quarta-feira, 31 de julho de 2013

A bruxa de Street Land

Ela era uma bruxa. Dizem as más línguas que já tinha eliminado pelo menos três. Morava no centro de Street Land, um povoado aparentemente amigável, bem na divisa entre Real e Imaginário. Não era uma bruxa assim com pés de galinha, vassoura e verruga na ponta do nariz. Era até bonita. Não era bem uma beleza espetacular, mas atraía olhares masculinos. Pobres daqueles que se deixavam encantar! Com esses, era ainda mais impiedosa. Não tinha pudores em dizer não. Menos ainda em dizer os motivos da negativa. Triste lembrar que, na maioria das vezes, são justamente os motivos que machucam. No fundo, ela tinha medo. Bruxas medrosas são mais comuns do que parece. São medos de diferentes naturezas, mas, principalmente, há o medo de serem superadas. Isso pode acontecer, por exemplo, quando ela se apaixona. Quando alguém se entrega ao amor, acaba, de certa forma, refém do outro, não tem jeito. E bruxas não admitem isso. Acontece também quando alguém parece melhor que ela. Seja na arte ou no ofício, no jeito de ser que seja... Ela não aceita. Bruxas sofrem do mal de Narciso e não aceitam dividir palco e holofotes com ninguém. Quando ela se irritava, logo se via. Sua fumacinha negra espalhava-se pela sala, pela casa, pelas ruas. E ai de quem cruzasse seu caminho! Saía distribuindo feitiços por onde passasse. Alguns maiores que os outros. Ela tinha lá suas simpatias. O que ela não imaginava é que um dia as coisas poderiam mudar. Foi, então, numa noite dessas mesmo, de fumaça negra no ar, que eles se esbarraram. Já estava pronta para soltar seus impropérios, quando o olhou nos olhos. Eram olhos diferentes. Eles a compreendiam. Não que fossem olhos frios como os dela. Eles, na verdade, conseguiam vê-la além da capa escura. Nasceu ali uma amizade diferente. Talvez a primeira da vida dela. Foi tão natural que ela nem percebeu que estava na condição à qual mais resistia o tempo inteiro: totalmente entregue. Ele gostava dela mesmo sabendo que estava diante de uma bruxa. Na verdade, nem a via tão bruxa assim. Conhecia seus segredos, entendia seus feitiços. Ela não sabia, claro. Teria crises só de imaginar ser descoberta. Ele conhecia sua fragilidade.Talvez até se identificasse em algumas delas. Ele não era bruxo, porém. Não como ela. Era um homem comum, que tinha como hobby entrar na alma das pessoas. A dela era fechada. Alma de bruxa. Mas ele entrou. Conseguiu transpor as barreiras e, do outro lado, encontrou uma bruxa quase boa. Entendeu que seus ataques eram pura defesa. Percebeu que a bruxa por baixo da capa queria muito ser uma pessoa legal. Queria carinho. Ele tentou ajudá-la. Sutilmente, sem que ela notasse. Era um bom rapaz. Sabia que a tentativa lhe renderia alguns espinhos. A amiga bruxa costumava ferir quem se aproximava. Natureza de bruxa. Ele quis tentar mesmo assim. Acabou ferido, como previsto, mas foi mais longe do que qualquer outra pessoa havia conseguido. Ao menos com ele, ela era menos bruxa. Ao poucos, bem aos poucos, estava aprendendo que podia viver sem a capa. Ele foi forte. Contam em Street Land que permanece firme. Mesmo com ele, ela só percebia que lançara os espinhos, quando era tarde demais. Seguiram amigos, porém. Nas ruas por onde a bruxa passava, sua fumaça ainda inebriava, seus feitiços ainda faziam efeito. Sabia o povo, no entanto, que, em algum momento, em algum lugar, ela havia mudado. Enquanto ele estivesse ao seu lado, havia esperança.jornalisticamenteincorreto.com

Livro investiga mistérios das bruxas na Espanha

Um novo livro publicado por uma antropóloga na Espanha investiga as práticas e crenças da bruxaria no país nos séculos 16 e 17 e revela mais detalhes sobre os seus segredos e mitos, como o das vassouras voadoras. Brujas, Magos e Incrédulos en la España del Siglo de Oro, de María Lara Martínez, também investiga como os adeptos da bruxaria enfrentaram a Inquisição espanhola. Mostra em Paris destaca bruxos e deuses que tentam 'pôr ordem' no caos do mundo Arqueólogos encontram 'casa de bruxa' do século 17 com gato mumificado EUA negaram homenagem a criadora de Harry Potter por 'bruxaria', diz livro Tópicos relacionados História, Europa A imagem da bruxa que se popularizou ao longo dos séculos é a da mulher idosa, meio corcunda, com nariz longo, rosto coberto de verrugas e dedos ossudos que dissecam sapos para preparar poções mágicas. Havia bruxas que se encaixavam nessa descrição, mas também havia bruxas "brancas" (praticantes de magia branca, ou bruxas "do bem"), bruxos e magos. Quem eram e quais eram seus segredos? :As bruxas na Espanha dos séculos 16 e 17 atuavam como curandeiras Laboratórios Na Espanha dos séculos 16 e 17, a maioria das pessoas acreditava que bruxas voavam e se reuniam num local chamado Baraona, um campo na província de Soria (centro-norte da Espanha) que ainda tem a reputação de ser um ponto magnético. Falando à BBC, Martínez, professora da Universidad a Distancia a Madrid (UDIMA), disse que as distâncias eram imensas na Espanha daquele período e que a comunicação era extremamente difícil. Ainda assim, documentos da Inquisição oriundos de pontos diferentes da península ibérica tinham muitos pontos em comum. Por exemplo, um tema recorrente nos textos são relatos de que as bruxas voavam, ela explicou. Martínez diz ter passado seis anos fazendo pesquisas para seu livro. "O objetivo era traçar as origens da heterodoxia na Espanha num período em que o país era o defensor do dogma católico. O cristianismo não aceita videntes ou profetas, o ultimo foi São João Batista. Ainda assim, sempre há aqueles que se sentem depositários do oráculo de Deus - as bruxas", disse. A pesquisa ressalta o gênero feminino porque "a mulher naquele período era relegada, não tinha acesso a universidades e tinha de encontrar formas de se instruir. Elas atuavam como curandeiras". Suas casas eram laboratórios para experimentos com plantas, poções e remédios. Daí, talvez, darem margem a fantasias e histórias misteriosas como a ideia de uma vassoura voadora. Fórmula para voar Quem se aproximasse de uma bruxa corria o risco de morrer ou, simplesmente, voar. Algumas cobriam seus corpos com uma mistura de plantas alucinógenas como beladona ou mandrágora. Com suas propriedades narcóticas, as plantas criavam no usuário a impressão de estar levitando. Consigo, carregavam uma vassoura - objeto tradicionalmente associado às mulheres - embebida na mesma poção mágica. "Elas tinham bom conhecimento das propriedades das plantas. Sabiam a diferença entre uma dose certa e uma dose letal. Havia bruxas boas, procuradas quando alguém estava doente", explicou Martínez. "Mas também havia as más. Bruxas malvadas não podiam ser contrariadas. Havia casos de pessoas que procuravam uma bruxa branca para serem curadas de um feitiço ruim". Martínez cita o caso de uma bruxa de um lugar chamado Villar del Aguila, na província de Cuenca (centro da Espanha), tida como uma santa. María Lara Martínez (Foto Divulgação) María Lara Martínez pesquisou a bruxaria durante seis anos "Ela dizia ter uma relação mística com Cristo. O povo da cidade carregava-a, nos ombros, para a igreja. No entanto, ela acabou morrendo nas prisões da Inquisição". Bruxos, Astrólogos e Magos Falsos Bruxas e bruxos faziam profecias sobre o futuro de uma pessoa: vida ou morte, saúde ou doença, penúria ou prosperidade. "Diferentemente das mulheres, os homens tinham uma formação mais livresca e universitária. Não somente na Espanha, mas em cidades de toda a Europa, governantes e líderes religiosos exigiam a presença de feiticeiros e magos para predizer seu futuro." Havia bruxas e magos que acreditavam realmente ter poderes. Outros, como o mago Jerome Liébana, fingiam. Tido como conhecedor da fórmula da invisibilidade, Liébana tentou enganar o Duque de Olivares, braço direito do rei Filipe 4º. "Ele disse que nas praias de Málaga havia um tesouro escondido. Que havia um gênio esperando por ele embaixo da terra. Após dias de escavações, finalmente se deram conta da mentira. Liébana foi julgado e mandado para a cadeia", disse a escritora. No entanto, o mago conseguiu escapar. "Foi seu último truque. Digamos, assim, que ele conseguiu se safar." Nem todos tiveram tanta sorte. O astrólogo Torralba, o cientista Miguel Servet (condenado à fogueira por defender a teoria da circulação pulmonar do sangue) e milhares de bruxas foram julgados e condenados. "Se não tivesse havido a Inquisição, a Justiça civil as teria perseguido. Não houve perseguições apenas na Espanha, mas também em outros lugares da Europa. Bruxas eram vistas como rebeldes, revolucionários que poderiam transformar as comunidades", explica Martínez. País das Bruxas À medida que se aproxima o século 18, o número de casos julgados pela Inquisição diminui. O Iluminismo começa a dissipar as histórias de bruxas. Um caso anterior, o das bruxas de Zugarramurdi, em Navarra (província no norte da Espanha), chama a atenção pela maneira como as autoridades locais lidaram com a questão. Naquele período, Navarra era conhecida como o país das bruxas. "A igreja ameaçou excomungar qualquer pessoa que, tendo um bruxo como vizinho, não o denunciasse. A partir daí, começou uma avalanche de acusações, algumas até por crianças. Qualquer um era acusado por qualquer razão." "Diante da quantidade de acusados, o inquisidor Alonso de Salazar y Frías decidiu fazer vista grossa. Ele disse que não havia bruxos nem bruxas na área até que se começasse a falar deles". Depois de seis anos de pesquisas, restam muitos mistérios a desvendar, disse Martínez. "Há um ditado na Galícia (região no noroeste da Espanha) sobre as meigas, uma espécie de bruxa boa", contou a pesquisadora. E completou: "Que elas (as bruxas) existem, existem. Posso dizer que existiram e que existem".bbc.co.uk

sexta-feira, 19 de julho de 2013

As Artes e as Bruxas

Hieronymus Bosch, Duas bruxas - esboço, s/d. Hans Baldung Grien, Sabá das bruxas, 1510. Utagawa Kuniyoshi, A bruxa, s/d. Francisco de Goya, Sabá das bruxas, 1789. Henry Fuseli, A bruxa e a mandrágora, 1812. John Martin, Manfred e a bruxa alpina, 1837. Luis Ricardo Falero, A partida das bruxas, 1878. John William Waterhouse, O círculo mágico, 1886. Kunz Meyer Waldeck, A bruxa de Endor, 1902. Konstantin Somov, O livro da marquesa, ilustração 7, 1918. Ernst Ludwig Kirchner, Bruxa e espantalho, 1932.notassobreleituras.wordpress.com/

O SABÁ DAS BRUXAS

A ilustração da "página título" desta obra [fig.: acima] apareceu na primeira edição chamada A Discourse on the Worship of Priapus. Wrights ampliou o ensaio sobre os cultos fálicos. Além dos temas usuais, como antigos e modernos objetos fálicos, rituais de fertilidade etc., Wright dedica uma longa seção do texto aos chamadosWitch Cult — Cultos Mágicos ou Cultos de Bruxaria incluindo interessantes relatos sobre o Sabbat das Bruxas. Muitas formas de cultos fálicos ou priápicos foram praticados na Idade Média conservando, ainda que através de mudanças sociais e em outras circunstâncias, as antigas orgias priápicas no contexto de intensa superstição que caracterizava a bruxaria da época. Através dos tempos, os "Iniciados" acreditaram que poderiam possuir e exercer poderes sobrenaturais pela invocação apropriada de divindades que o Cristianismo transformou em demônios; ser um devoto de Príapo era o mesmo que ser devoto de Satanás. As bruxas dos Sabás foram as últimas praticantes da Priapéia e da Liberália na Europa Ocidental e, de fato, reproduziam em suas reuniões as licenciosas orgias tão comuns na Roma Antiga. O Babá das Bruxas não parece ter sido originado da mitologia teutônica [bárbara, nórdica, anglo-saxã]. Antes, parecem provenientes do sul europeu, herança mediterrânea absorvida pelos países fortemente influenciados pela cultura romana. No século XV a cultura da feitiçaria tinha uma forte presença na Itália e na França. O Caso Robinet de Vaulx Em meados daquele século [XV], em França, um indivíduo chamado Robinet de Vaulx, que levara uma vida de eremita em Burgundy, foi preso, levado a julgamento em Langres e queimado. Antes de morrer, entretanto, este homem, natural de Artois, informou [certamente sob tortura, método comum nos processos de bruxaria da época] ser de seu conhecimento a existência de um grande número de bruxas na província e ele não somente confessou ter comparecido às assembléias noturnas das feiticeiras mas, também, forneceu nomes de vários habitantes de Arras que encontrara naqueles eventos. Corria o ano de 1459, o quartel general dos jacobinos, monges pregadores, era sediado em Langres. Entre os jacobinos havia um Pierre de Broussart, inquisidor da Santa Sé na cidade de Arras que presidiu os depoimentos de Robinet. Com os nomes fornecidos o inquisidor começou sua perseguição. Foram acusados de bruxaria, entre outros: uma prostituta chamada Demiselle, e um homem, Jehan Levite, mais conhecido por seu apelido, Abade Sem Juízo. A confissão de um induzia ao processo que resultava na confissão dos outros e novos nomes surgiam. O resultado foi um surto de prisões e processos, muitos encerrados com sentença de morte na fogueira. Foi apurado que o lugar dos encontros era, geralmente, uma fonte na floresta de Mofflaines, uma légua de distância de Arras. Os participantes podiam ir a pé mas o procedimento mais comum era um recurso mágico: usando um ungüento fornecido pelo próprio diabo que, passado no corpo ou nas mãos, permitia, montar num bastão ou cajado, de madeira, e nele voar até o lugar da assembléia [é a vassoura dos bruxos]. O Sabá — Democrático... O encontro reunia uma multiplicidade de gente, de ambos os sexos, classes sociais diferentes, burgueses e nobres e também eclesiásticos, bispos, cardeais! No Sabá havia mesas com toda sorte de iguarias; carnes, vinhos. O diabo presidia o festim em sua usual forma de bode, com cauda simiesca e fisionomia humana. Os convivas faziam homenagens; ofereciam suas almas ou partes do corpo e como sinal de adoração, beijavam o traseiro de Satanás. O local era iluminado por tochas. O Abade Sem Juízo, mencionado acima, era o mestre de cerimônias desses encontros e era sua obrigação verificar devidamente o comportamento dos novatos. Depois, ele pisava e cuspia na cruz, menosprezava Jesus e a Santíssima Trindade e praticava outros atos profanos. Então, tomavam seus lugares à mesa e depois de comer e beber, levantavam-se e começavam seus promíscuos intercursos sexuais nos quais o demônio tomava parte assumindo, alternadamente, a forma de ambos os sexos de acordo com sua parceria. Seguiam-se todo tipo de atos pecaminosos. O Demônio "catequizava" seus seguidores: não deviam ir à igreja e muito menos ouvir a missa; não deviam se deixar tocar pela água-benta nem render qualquer homenagem ou demonstração de respeito pelos valores cristãos e pelos cristãos em si mesmos. Quando o "sermão" terminava a assembléia era dissolvida e todos retornavam para suas casas. Manuais Contra & Sobre a Bruxaria A violência daquele tipo de perseguição produziu grande comoção popular em torno da bruxaria. No fim do século XV as pessoas tinham medo das bruxas e/ou medo de serem associadas às bruxas, especialmente na Itália, França e Alemanha. O combate à feitiçaria, entregue às zelosas mãos dos Inquisidores, foi gradualmente se tornando um trabalho especializado e livros extensos foram escritos sobre o assunto: as práticas da bruxaria e as instruções para combatê-las. Um dos primeiros destes livros foi o Formicarium, escrito por um frade suíço, John Nider, inquisidor em seu país. O livro não fala do Sabá da Bruxas, aparentemente, pouco comum ou inexistente na Suíça. No começo de 1489, Ulric Molitor publicou o tratado De Pythonicis Mulieribus e, no mesmo ano, apareceu o mais célebre destes livros, oMalleus Maleficarum ou O Martelo das Feiticeiras, trabalho de três inquisidores alemães coordenados por Jacob Sprenger. O Malleus Malleficarum é bastante completo e interessante coletânea de dados sobre a bruxaria. Os autores discutem várias questões, como o misterioso transporte das feiticeiras de um lugar para outro. Discute-se se o tal vôo das bruxas é real ou apenas uma lenda. O Malleus também contém referências diretas ao Sabá permitindo concluir que, de fato, as reuniões eram grandes orgias priápicas que não eram típicas das crenças genuinamente germânicas. A febre de publicações sobre bruxaria alcançou os séculos XVI e XVII [16 e 17] e até o rei James I [Inglaterra] aventurou-se a escrever sobre o tema. Jean Bodin * [1530-1596] Escreveu: On Witchcraft [La Démonomanie des Sorciers] — livro de 1580. Bodin [que era jurista] recomendou tortura, até mesmo em casos de inválidos e crianças, para tentar confirmar a culpa de feitiçaria. Ele afirmou que nem mesmo uma bruxa poderia ser condenada erroneamente se os procedimentos corretos fossem seguidos, e a suspeita era tida como motivo suficiente para atormentar o acusado uma vez que rumores relativos à bruxaria quase sempre eram verdades. In WIKIPEDIA Cerca de 75 anos depois da publicação do Malleus, o francês Bodin ou Bodinus, em latim, publicou volumoso trabalho, um tratado que veio a ser importante texto de referência sobre bruxaria. Ali o Sabá é descrito em detalhes; possivelmente a mais minuciosa descrição da cerimônia. Segundo Bodin, as assembléias eram realizadas em lugares solitários, em vales escondidos entre as montanhas, nas florestas. Preparando-se para ir ao Sabá, a bruxa ou bruxo deitava-se em sua cama completamente despido (a) e untava o corpo com o famoso "ungüento das feiticeiras" [cuja receita Eliphas Levi, ocultista francês do século 19, fornece em seu Dogma e Ritual da Alta Magia]. A substância produzia o "encantamento" e a pessoa era transportada pelo ar chegando ao lugar do encontro em curto espaço de tempo. Também Bodin se preocupa com a questão do transporte ser um fato real ou apenas metafórico e conclui que, de fato, transportavam-se, fisicamente, de forma mágica. O Sabá, como de costume, é descrito como uma grande assembléia de bruxos e demônios de ambos os sexos. Era meritório para os participantes veteranos trazer consigo novos convertidos. Em sua chegada, os novatos eram apresentados ao demônio que presidia o encontro e a quem era devida adoração através do sórdido ato de beijar sua parte íntima traseira. Os adeptos prestavam contas de suas atividades desde o último encontro e recebiam suas reprovações ou congratulações de acordo com seus méritos. O diabo, geralmente representado como um bode, distribuía, então, amuletos, poções, ungüentos e outros artigos que deveriam ser empregados nos feitos do mal. Os adoradores também faziam oferendas: ovelhas, pequenos pássaros, mechas de cabelo e outros objetos. Todos deviam proferir imprecações contra os cristãos e os símbolos do cristianismo, blasfemas contra os santos e as coisas santas. Finalmente, o diabo iniciava a orgia sexual tendo relações com alguma nova bruxa - ou bruxo em quem deixava sua marca em alguma parte do corpo, em geral, na área genital. Pacto com o Diabo: oferenda de uma criança — Francesco Mario Guazzo, Compedium Malleficarum, 1608. IN ZWOJE-SCROLLS. Embaixo:Os elementos característicos do Sabá: a bruxa que atravessa os ares, as poções, a música primitiva, o elemento feminino, a nudez lasciva. Os "acertos de contas" eram o que se pode chamar de "negócio do encontro" e, depois dos negócios era a hora do banquete. Ocasionalmente, vistosas iguarias poderiam degustadas mas, em geral, segundo Bodin, ao contrário de outros autores, o repasto era frugal. O "prato principal", ao que parece era, de fato, a luxúria e as mesas serviam, eventualmente, mais para a dança e a fornicação. Sobre as danças, a carole da Idade Média era o modelo, uma dança comum entre camponeses, executada em circulo, com homens e mulheres aproximando-se e afastando-se alternadamente, o que permitia o reconhecimento mútuo dos participantes. Outras danças foram introduzidas, mais ousadas, mais obscenas. As músicas também eram vulgares beirando ao ridículo, o grotesco, executadas por instrumentos toscos e macabros, como flautas feitas de ossos, liras feitas de crânio de cavalo. O grupo entrava em estado de excitação tornando-se mais licencioso até que, finalmente, os participantes abandonavam-se ao desfrute de relações sexuais indiscriminadas nas quais o demônio tomava parte. A assembléia terminava a tempo das bruxas retornarem às suas casas antes do amanhecer. Pierre de Lancre — Bruxaria em Labourd Outro francês, Pierre de Lancre, conselheiro do rei, juiz do parlamento de Bordeaux, ingressou, em 1609, em uma comissão encarregada de apurar acusações de bruxaria em Labourd, distrito das províncias bascas, região célebre por suas bruxas e aparentemente, pelo baixo nível de moralidade de seus habitantes. Labourd é um lugar isolado e seus moradores conservaram suas antigas superstições com grande tenacidade. De Lancre investigou a natureza dos demônios e a razão pela qual os residentes de Labourd eram tão ligados à feitiçaria. As mulheres locais, eram de temperamento naturalmente lascivo, coisa que se podia ver na maneira de vestir e arranjar os cabelos, singularmente indecentes, expostas sem a menor modéstia. O principal produto agrícola era a maçã, curiosa associação com o aspecto pecaminoso de Eva. De Lancre ficou quatro meses estudando a situação de Labourd e, depois de tudo que tinha visto e ouvido, resolveu dedicar-se ao estudo da bruxaria e, no devido tempo produziu seu grande trabalho sobre o tema: Tableau de l'Incosntance des Mauvais anges et Démons. De Lancre escreve honestamente e acredita no que diz. Seu livro tem valor pelo grande número de informações que contém incluindo confissões de bruxas transcritas nas próprias palavras das depoentes. Um segundo livro foi dedicado totalmente aos detalhes do Sabá. A pesquisa de revelou algumas contradições e mudanças. Nos tempos antigos, as noites de segunda-feira eram as noites de Assembléia. Na época do estudo, estas noites eram as de quarta e sexta-feira. Algumas bruxas disseram que seguiam para o lugar do encontro ao meio dia. A maioria, entretanto, afirmou que meia-noite era o horário certo. O lugar do Sabá era, de preferência, uma encruzilhada, mas não obrigatoriamente. Era suficiente um lugar isolado, um sítio mais selvagem, no meio de uma charneca, especialmente longe de habitações humanas ou de lugares assombrados. Ali, na região de Labourd, esse lugar era chamado Aquelarre, significando Lane de Bouc ou Mata do Bode, uma referência à forma caprina assumida por Satanás nestes Sabás. Na mesma região, outros lugares, ainda, teriam sido cenários de Sabás: "Mais de cinqüenta testemunhas nos asseguraram que tinham estado em uma 'Mata do Bode' para o Sabá na montanha de La Rhune, algumas vezes, em uma abertura da montanha [uma caverna?], outras vezes, na capela do Espírito Santo, que fica no cume; algumas vezes o Sabá foi realizado na igreja de Dordach, nos limites de Labourd. Em outras ocasiões, ainda, a Assembléia se reunia em casas, residências particulares. Porém, o mais usual é que o Diabo escolha para os Sabás as entranhas da mata, as casa velhas, abandonadas, ruínas de antigos castelos, especialmente se ficam no alto das montanhas. Um velho cemitério pode servir, se é isolado, e o mesmo se aplica às capelas, ermidas, o topo de um rochedo debruçado sobre o mar, como aquele onde fica a capela de Saint Jean de Luz [portuguese], Puy de Dome em Perigord e locais semelhantes. Baphomet, em sua representação alegórica em contexto explicitamente sexual, priápico, em representação de Guido Wolther - ORDO TEMPLI ORIENTIS. Embaixo: Baphomet esculpido na pedra, estética dos Templários nas gárgulas de suas igrejas. O exemplar acima, em Saint Merri. LINK } SABER MAIS: BAPHOMET, por ELIPHAS LEVI As Formas Diabólicas de Satanás Nestes encontros, algumas poucas vezes, Satanás esteve ausente; nestes casos, um pequeno demônio tomava seu lugar. De Lancre enumera as várias formas que o diabo assume nestas ocasiões, tão variadas quanto seus movimentos são "inconstantes, cheios de incertezas, ilusão, decepção e impostura". Algumas das bruxas que ele examinou, entre as quais uma garota de 13 anos chamada Marie d'Aguerre, disse que naquelas assembléias havia uma grande garrafa ou cântaro no meio do Sabá; dali o diabo saía assumindo a forma de bode que, subitamente, tornava-se enorme e assustador. No fim do Sabá ele retornava à garrafa. Outros o descrevem como um grande tronco, como o de uma árvore, sem braços ou pés, sentado em uma cadeira com as feições de traços humanos grosseiros. É recorrente a referência à face de bode, com dois chifres na testa e dois chifres na nuca. Nos relatos mais freqüentes, são três os chifres do Capeta sendo que o do meio [da testa] serve para fornecer luz e fogo ao Sabá. Ocasionalmente, o Demo usa um chapéu ou tipo de capa sobre os chifres. "Na frente, ostenta seu membro e atrás, possui uma cauda que lhe sai de uma segunda face traseira, rosto este que é oferecido ao beijo cerimonial que seus adoradores lhe dão em sinal de submissão. Este Diabo é aqui representado como imagem de Priapus. Marie d'Aspilecute, 19 anos, residente em Handaye, declarou que na primeira vez em que foi apresentada ao Demônio, beijou-o naquela face, traseira, três vezes. Outros disseram que o Diabo é como um homem de grande porte, "envolvido em vapores que o encobrem, de modo que não o vejam claramente"... Sua face é vermelha como o ferro aquecido na fornalha. Corneille Brolic, uma adolescente de 12 anos, disse que quando o viu pela primeira vez ele tinha forma humana porém, com quatro chifres em sua cabeça e sem braços. Estava sentado em um púlpito cercado de algumas mulheres, suas favoritas... Jannete d'Abadie, de Siboro, 16 anos, disse que Satanás tinha duas caras, uma na frente outra na parte de trás da cabeça, [tal como a representação do deus Janus]. O Diabo também foi descrito com um grande cachorro negro. Em tempos mais remotos, Satanás apareceu, freqüentemente, em forma de serpente - outro ponto de contato com os cultos priápicos. Na Idade Média, no entanto, a forma de bode foi a mais comum. Cerimônias Na abertura do Sabá, são recorrentes os relatos da cerimônia de "apresentação" [como mencionado acima]. Bruxos e bruxas apresentavam, formalmente, ao Mestre, aqueles que nunca tinham estado com ele antes. Muitas vezes, eram levadas crianças como oferendas, para serem enfeitiçadas, destinadas ao serem futuras servas do Diabo. Os novos convertidos, noviços e noviças, deveriam renunciar a Cristo, à Virgem Maria e aos santos e eram rebatizados em cerimônias burlescas. O beijo nas nádegas do Demo é outro elemento sempre citado nos relatos de Sabás como ato confirmatório da fidelidade a Satanás... Esses atos de renúncia ao cristianismo e submissão ao Demônio eram sempre renovados. Janette d'Abadie [citada acima] disse que beijou o Diabo repetidas vezes durante a cerimônia; não somente nas nádegas mas também no rosto, no umbigo e no pênis. Depois do re-batismo, ele colocou sua marca no corpo de sua vítima, em parte escondida, que geralmente não se expõe. Nas mulheres, esta marca era feita nas partes sexuais. De Lancre classifica os procedimentos dos Sabás como variados e curiosos: Lembra uma feira de mercadores,uma grande mistura de gente chegando de todas as partes, um encontro de contatos transitórios e novos nas mais medonhas formas de novidades que ofendem os olhos. Tudo parece real mas muita coisa é ilusória. Como uma atmosfera meio divertida, ao som de pequenos sinos e instrumentos musicais de todos os tipos. A música, entretanto, fala somente ao ouvido, ao sentido do entretenimento. Tal música transforma-se num barulho desarmônico cheio de deformidade que acompanha todo o horror da desolação, da ruína, da destruição, das pessoas brutalizando-se, virando bestas, perdendo a razão, enquanto as bestas parecem tornar-se humanas com mais juízo que as gentes, estas, cada qual entregue aos seus mais baixos instintos naturais. As mulheres, segundo de Lancre, são agentes ativos nesta mixórdia [confusão], mais comprometidas que os homens, cheias de ímpeto com seus cabelos em desalinho e seus corpos nus; muitas besuntadas com ungüentos mágicos, outras, não. Chegam aos Sabás com seus propósitos maléficos, montadas em suas vassouras ou bastões, cavalgando um bode ou outro animal, muitas vezes levando uma ou duas crianças, guiadas pelo Diabo em pessoa... No Sabá produzem e recebem poções para diferentes propósitos. Um ingrediente de poções muito comum é a cinza do sapo queimado vivo. ... O Bode O Diabo, Mestre da Assembléia, em sua forma animalesca, é especialmente repulsivo. O Bode é uma referência a Príapus [e as variações como tronco/árvores, sem braços, remete a divindades antigas também veneradas em cultos orgiásticos dos campos, com o deus grego Pan, em uma clara antropomorfização de um ente vegetal, a árvore, soberana na Natureza]. A forma humano-caprina, entretanto, mais comum nos tempos medievais, é feia e repelente, [de Lancre insiste neste ponto]. Suas maneiras são imperiosas, sua voz, rouca. Sentado no púlpito, que brilha como ouro, ele tem ao seu lado a "rainha do Sabá", seminua, uma de suas bruxas mais pervertidas a quem ele dá a grande honra de dividir a presidência da festa. Por entre "fogos falsos" passam demônios encorajando os bruxos e bruxas a fazerem o mesmo, pois não sentirão nenhuma dor e assim aprenderão a não temer o fogo do inferno. ... Aqui e ali vêem-se caldeirões cheios de sapos, víboras, corações de crianças que morreram sem batismo, carne de assassinados e outros ingredientes macabros que entram nas fórmulas dos ungüentos e poções. Ingredientes que podem ser adquiridos ali mesmo, no Sabá, como em uma feira. Outros caldeirões cozinham a comida da festa, que deve ser insossa [sem nenhum sal], crua e embolorada, como o Diabo gosta. As mulheres dançam em círculos, formam casais, vão para o centro da roda conduzidas pelos demônios, que ensinam movimentos e gestos cheios de lascívia e indecência capazes de horrorizar a mais despudorada das prostitutas. Cantando versos licenciosos, lúbricos, a grupo é uma visão de monstruosa luxúria. Aquelas que são escolhidas para copular e fazer outras impudícias com os demônios são encobertas por uma nuvem, para esconder a execração e a imundície destas cenas e prevenir a compaixão que alguém sentir ouvido os gritos e vendo a degradação dessas pobres desgraçadas. Misturando impiedade e outras abominações eles realizam seus ritos "religiosos", uma selvagem e indecorosa paródia da missa católica. O altar é erguido e o sacerdote oferece a "hóstia", feita de substâncias impuras e todos os ritos são repugnantes. Pequenas Diferenças De Lancre assegura que existem pequenas diferenças de procedimentos do Sabá de um país para outro, diferente na característica da localidade, na figura do master que preside a Assembléia, na disposição geral dos participantes. Todavia, os aspectos fundamentais se mantêm como uma tradição que transcende fronteiras de países europeus. O Sabá é considerado como a cerimônia mais importante dos praticantes da bruxaria ocidental. A primeira testemunha do pesquisador é um documento de 18 de dezembro de 1567, uma cópia da confissão deEstébane de Cambrue, da paróquia de Amou, uma mulher de 25 anos. Ela informou que o "Grande Sabá", na verdade, acontecia somente quatro vezes por ano, paródia às quatro festas anuais da Igreja. As pequenas Assembléias, realizadas nas vizinhanças das cidades e paróquias eram freqüentadas por residentes locais, próximos aos diferentes locais onde eram realizados estes encontros nos quais as pessoas "somente dançavam e se divertiam". O Diabo não costumava freqüentar estes encontros menores. Existia, de fato, a Grande e a Pequena Priapéia. esta depoente foi uma das que se referiu ao local dos grandes encontros como Lane de Bouc ou Mata do Bode, onde dançava-se ao redor de uma pedra [freqüentemente associados aos monumentos druídicos] sobre a qual sentava-se um grande homem negro que era chamado de Monsieur. Como de praxe, havia a cerimônia do beijo na traseira e as imprecações contra Deus, a Virgem Maria e "o resto". A "profissão de fé" renovava os laços dos bruxos com Satanás, a quem consideravam "seu pai e protetor". Essa testemunha relatou o comércio e a produção de poções durante o Sabá. Havia um "notário" [contador] responsável pela cobrança das mercadorias. Uma curiosidade mágica: se chovesse à caminho do Sabá, os bruxos (as) não se molhavam protegidos pelo encantamento das palavras: Haut la coude, Quillet! Quando tinham de fazer uma longa jornada, diziam as palavras: Pis suber hoeilhe, en ta la lane de bouc bien m'arrecouille... Mais Testemunhas: Sexo & Sabá Roger Rivasseau confessou ter estado em um Sabá duas vezes, embora não tivesse adorado o Diabo nem feito qualquer das coisas que lhe foram solicitadas. "O Sabá começou lá pela meia-noite em uma encruzilhada. Geralmente é feito nas quarta e nas sextas-feiras e o Diabo prefere as noites de tempestade, quando o vento forte serve para propulsionar seu transporte pelos ares. Dois notáveis demônios presidiram aquele Sabá; um grande negro chamado Master Leonard e outro pequeno diabo, que substituia o mestre eventualmente e que se chamava Master Jean Mullin. Eles adoraram o Grande Satã e cerca de sessenta pessoas dançavam sem roupas". Muitas bruxas ouvidas disseram que o Sabá era um delícia! Para Jeanne Dibasson, 29 anos, o Sabá era um verdadeiro paraíso onde havia mais prazer do era possível descrever. Ela esperava ansiosa pelos encontros. Marie de la Ralde, uma bela mulher de 28 anos, havia abandonado suas relações com o Diabo há seis anos e forneceu muitas informações sobre suas experiências nos Sabás. Freqüentava as Assembléias desde os dez anos de idade. A primeira vez que viu o Diabo ele estava em sua forma de tronco de árvore, sem pés mas, aparentemente sentado no púlpito. Tinha uma face humana, muito obscura. Outras vezes, seu rosto parecia vermelho. Presenciou em várias ocasiões o Mestre aproximar um ferro em brasa de crianças oferecidas a ele mas não sabia dizer se eram realmente marcadas. Marie de la Ralde declarou que tinha um prazer especial em freqüentar o Sabá. ... Jeanette d'Abadie relembrou os atos libidinosos da Assembléia onde era comum o incesto e as relações "contrárias à ordem da natureza"; ela mesma participou de tais orgias quando copulou com não somente com Satanás mas com muitos outros. Ela tentava fugir das relações com o Demônio porque causavam extrema dor; seu membro era frio e seu sêmen jamais não produz gravidez. Ninguém fica grávida em um Sabá. Longe do Sabá, a conduta da jovem era irrepreensível mas nos encontros dos bruxos ela confessava desfrutar de prazeres maravilhosos naqueles intercursos sexuais que ela descrevia em linguagem obscena ... A Sarabande Cultos fálicos e orgiásticos: Grécia arcaica, Pan — Idade Média, o Bode, Baphomet — e Roma Antiga, Príapus Em muitos outros depoimentos há referência ao grande prazer experimentado nesses Sabás que exerciam enorme excitação entre homens e mulheres. Mulheres entregavam-se a outros homens na fente dos maridos, que não raro encorajavam as relações. Na Sabá não havia posse nem ciúme nem tabus: pais defloravam filhas, mãe relacionavam-se com filhos, irmãos com irmãs. As danças do Sabá, como mencionado, eram indecentes, como a Sarabande, na qual as mulheres participavam usando apenas camisas indecorosas quando não estavam completamente nuas. Os movimentos da dança eram especialmente violentos. O Diabo participava tomando uma mulher como par. escreve de Lancre: "Se o que dito é verdade jamais uma mulher ou adolescente retornou do Sabá casta ou virgem como poderia ter chegado [porque no Sabá ela] ... dançaria com os demônios e maus espíritos e com eles trocaria beijos obscenos, copularia com eles". ... O Membro de Satanás Um das mais impuras e sensuais curiosidades dos Inquisidores manifestada em seus interrogatório refere-se às peculiaridades sexuais e "capacidades" do Demônio. De Lancre, como outros pesquisadores, diante dos documentos pesquisados, identifica essas orgias, os Sabás, com os antigos cultos Priápicos sendo que Príapus, foi, claramente, substituído pela figura-conceito do/de Diabo [uma aculturação de evidente influência cristã]. Jeanette d'Abadie, contou que tinha visto o intercurso sexual promíscuo de homens e mulheres no Sabá. O diabo organizava os casais em combinações pervertidas: pai e filha, mãe e filho, irmão e irmã, padrasto e enteada, penitente e confessor, sem distinção de idade, classe social etc.. Ela mesma manteve relações com uma irmã por afinidade e muitos outras pessoas. Revelou, ainda, que tinha sido deflorada pelo Demônio aos treze anos - quando doze é a idade mais comum. Nunca tinha ficado grávida, fosse do Diabo ou de qualquer um dos bruxos dos Sabás. Em sua primeira vez com Satanás, sentiu o membro muito frio; mas os bruxos eram homens comuns. O Diabo escolhia as mais belas mulheres e adolescentes para seu desfrute particular e uma delas era a preferida, a rainha das Assembléias. As relações sexuais com o Demo eram dolorosas porque seu pênis era coberto de escamas, como uma pele de peixe. Além disso era longo e retorcido. Marie d'Aspilcuette, entre os 19 e os 20 anos, que também confessou relações sexuais freqüentes com Satanás, descreveu o membro medindo cerca de meio metro e moderadamente largo. Marguerite, de Sare, 17 anos, descreveu o pênis do Diabo como semelhante ao de um jumento, tão longo e grosso como um braço. Apesar de muitas das vítimas serem muito jovens e virgens, o Diabo prefere as mulheres casadas às descomprometidas porque há mais pecado nas relações adulterinas, mais execrável que a simples fornicação. Conclusão Os Sabás, são, evidentemente, uma manifestação de sobrevivência clandestina de um culto pagão em uma Europa já dominada ideologicamente e politicamente pelos valores do Cristianismo Católico Romano, em especial, da moral judaico-cristã. Entretanto, entre a população mais rústica, entre os "servos", cuja moral ou vida privada passava como desimportante para as classes mais altas da sociedade medieval, tradições antigas persistiram durante incontáveis gerações. O povo continuou praticando seus rituais priápicos, suas orgias, suas Saturnálias; continuou usando seus alucinógenos excitantes, mergulhando em estados mentais caóticos onde realidade e fantasia, homens, mulheres e demônios, verdade e ficção, se confundiam. Nas charnecas, nas clareiras das florestas, longe das leis dos juízes e da Igreja, costumes antigos continuaram vivos e, não raro, junto com os camponeses mais simples, certos da proteção das trevas, figuras importantes da comunidade entregavam-se aos mais dissolutos prazeres, às tentações, que lamentavam depois, talvez num confessionário, buscando a pureza na mortificação e o perdão a peso de ouro para mais uma vez, na próxima lua cheia, ceder ao chamado da lascívia e dançar e pecar — no Sabá. Fonte: http://mahabaratha.vilabol.uol.com.br

5 frases que você não ouvirá (ou não deveria ouvir) de um neopagão.

Detalhe de Apolo tocando o Alaúde (Riviére, 1874). A música aqui é uma metáfora para a ligação desse deus com os animais e a vida "selvagem". Neopaganismo: engloba as crenças e práticas geralmente de caráter politeísta e de identidade reconstrucionista comumente reconhecidas no mundo contemporâneo ocidental. É evidente que toda a regra traz suas exceções e essa lista de "5 frases que você não ouviria" de um neopagão certamente não se aplicará, em algum momento, a alguém que se considera praticante do neopaganismo. O objetivo desse pequeno texto é dar um apanhado geral das crenças comumente aceitas pelo movimento do neopaganismo ocidental e suas aparentes contradições com os sistemas religiosos que nos foram tradicionalmente apresentados. 1. O homem foi criado pra crescer, multiplicar, dominar os animais e a natureza: Hoje vivemos em um mundo de recursos finitos, e ainda que tenhamos essa consciência, ainda que superficialmente, não parece que ainda aceitamos essa concepção. Gosto muito da adaptação do conceito de James Lovelock sobre a teoria de Gaia: a visão da Terra como um organismo vivo e dinâmico. Como todos sabemos, Gaia para os gregos era a deusa-mãe, uma Ancestral comum, doadora da vida e da fertilidade e diferente de Ceres (ou Deméter) que estaria, ao meu ver, mais relacionada aos campos e as colheitas. A presunção de que a natureza é algo a ser dominado já é conhecidamente falha, falta ser aceita. De modo geral, os grupos neo-pagãos preferem creditar à Natureza um aspecto de sacralidade, reverência e respeito. Outro aspecto que desde o Iluminismo pode ser colocado em cheque é o do ser humano como o símbolo da perfeição e reflexo de Deus. Nossas sociedades não são perfeitas, justas ou igualitárias e se acredita que "Deus" é um conceito um tanto quanto mais amplo para ser traduzido em "homem". O Triunfo de Pã (Poussin). A sexualidade explícita do paganismo clássico sempre foi mau vista pelo Cristianismo. Mais tarde esse tipo de imagem se converteu no estereótipo do "sabá" das bruxas. 2. Sexo é pecado, assim como tudo o que é natural ou físico que é mal. O espiritual é bom: Hoje o budismo é uma das doutrinas politeístas que trabalha de modo bastante interessante sobre a evolução espiritual alcançada através do distanciamento das coisas materiais, mas não acho que essa seja uma tendência no movimento neo-pagão ocidental atualmente. Geralmente esse maniqueísmo material-espiritual é rejeitado e é comum a percepção de diferentes realidades que devem ser trabalhadas e respeitadas, não em modo de "ascensão" ou "evolução" vertical, mas tão somente uma convivência de "justaposição" horizontal. 3. Meu Deus é verdadeiro, o seu não é. Minha religião é a correta, e a sua a errada: Depois de alguns milênios de história em que esses argumentos foram usados como legitimação de poder, bem sabemos por onde nascem as "guerras santas". O atual movimento neo-pagão, por ser em geral um movimento politeísta, não dá espaço para esse tipo de mentalidade. Pois quando se assume uma realidade (ou múltiplas realidades) onde não existe um só Deus, mas vários Deuses que devem ser respeitados, a noção de que "somente um caminho leva ao Pai" seria contraditória por natureza. A Temperança, no tarot de Marselha. Esse arcano repre- senta a capacidade de mudar, transformar, transferir nossa atenção àquilo que merece cuidado. Essa é a carta daqueles que têm a mente e o coração abertos para aprender sempre. 4. "Aquele velho" ou "aquela velha". O uso da palavra "velho" no sentido pejorativo: Quanto a isso, ainda não encontrei discordâncias. O neo-paganismo por ser um movimento que resgata crenças e práticas do passado para adaptá-las aos dias atuais é uma cultura, poeticamente falando, nostálgica por natureza, onde conceitos como Antepassado, Antigo, Velho são palavras sagradas e sempre contextualizadas com respeito. Se um neopagão estiver sentado no banco preferencial do ônibus, sem dúvida ele será um dos primeiros a levantar e dar o lugar ao idoso. A concepção de "Respeito" é algo que vai além de rituais noturnos. 5. "Cada um com seus problemas" quando o assunto se reporta à questões ambientais, por exemplo: Geralmente existe uma concepção comum entre os grupos neo-pagãos de que tudo e todos estão ligados, de uma ou de outra forma, e que todas as sociedades formam uma só teia. E por sociedade não entende-se grupos humanos, mas a vida como um todo é respeitada em suas várias manifestações: animais, vegetais, minerais são manifestações do Sagrado e quando um elo dessa corrente é prejudicado todos saem perdendo.diannusdonemi.com.br

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Magia, as Bruxas e a Wicca

É conhecimento comum, mesmo entre as massas, que as Bruxas praticam magia. Pode haver idéias distorcidas acerca do tipo de magia praticado, mas a Bruxa é firmemente associada, na cultura popular, às artes mágicas. A Wicca é uma religiao que engloba magia como um de seus conceitos basicos. Isto nao é estranho. Na verdade, é normalmente dificil distinguir onde termina a religiao e onde começa a magia, em quanlquer fé. Ainda assim, a magia tem papel especial na Wicca. Ela nos permite melhorar nossas vidas e desenvolver energia ao nosso tao maltratado planeta. Os Wiccanos tambem estabelecem relaçoes especiais com a Deusa e com o Deus por meio da magia. Isto nao quer dizer que todo encantamento é uma oraçao, nem sao as invocaçoes encantamentos com palavras diferentes. Ao trabalharmos com as forças que a Deusa e o Deus encarnam , nos nos aproximamos deles. O ato de chamarmos por seus nomes e visualizarmos sua presença durante os encantamentos e ritos cria um elo entre o Divino e os humanos. Assim, na Wicca, a magia é uma pratica religiosa. Definir a magia, surpreendentemente esta é uma tarefa dificil. Uma definiçao bem simples mais recente e refinada é: " A Magia é a projeçao das forças naturais para gerar efeitos necessários." Há tres fontes principais de tal energia: O Poder Pessoal É a força vital que sustenta nossas existencias terrenas. Ela move nossos corpos. Nós absorvemos energia durante os movimentos, os exercícios, o sexo e o parto. Até mesmo respirar libera energia, apesar de recuperarmos o que foi perdido com as inspiraçoes. Na magia, o poder pessoal gerado, imbuído de um proposito específico, liberado e direcionado ao seu objetivo. O Poder da Terra É o que reside no interior de nosso planeta e em seus produtos naturais. Pedras, árvores, o vento, as chamas e a agua, cristais e aromas possuem poderes unicos, especificos, que podem ser utilizados durante rituais de magia. Um Wiccano pode mergulhar um cristal de quartzo em agua salgada para limpa-lo e em seguida pressiona-lo contra o corpo de uma pessoa doente para enviar suas energias curativas. Ou, ainda, ervas podem ser espargidas ao redor de uma vela acesa para produzir um efeito mágico especifico. Oleos sao aplicados no corpo para efetivar alteraçoes internas. Tanto o poder pessoal como o da Terra sao manifestaçoes do Poder Divino. Poder Divino: Esta é a anergia existente na Deusa e o Deus -- a força vital, a fonte do poder universal que criou tudo aquilo que existe. A dualidade, a polaridade vinda de uma unica e indescritível fonte a que chamamos a Fonte de Poder Universal. Os Wiccanos invocam a Deusa e o Deus para abençoar sua magia com poder. Durante os rituais eles podem direcionar o poder pessoal às deidades, pedindo para que uma determinada necessidade seja atendida. Isto é magia verdadeiramente religiosa. Portanto, a magia é um processo pelo qual os Wiccanos, operam em harmonia com a Fonte do Poder Universal, a qual visualizamos como a Deusa e o Deus, assim como com as energias pessoal e da Terra para que melhoremos nossas vidas e para levar energia à Terra. Magia é um metodo pelo qual os individuos, sob predestino nenhum que nao o por eles mesmo determinado, assumem o controle da sua vida. Ao contrario do que reza a crença popular, a magia nao é sobrenatural. Na verdade, é uma pratica oculta (escondida) imbuída em milenios de segredos, calúnias e desinformaçao, mas é uma pratica natural que se utiliza poderes genuinos ainda nao descobertos ou catalogados pela ciencia. Isto nao invalida a magia. Nem mesmo cientistas declararam saber tudo sobre nosso universo. Se assim o fizessem, o campo da investigaçao cientifica simplesmente nao existiria. Os poderes que que os Wiccanos utilizam um dia serao documentados e assim perderao seus mistério. Tal ja ocorreu, em parte, com a hipnose e a psicologia, e pode em breve acontecer com a percepçao extra-sensorial. O magnetismo, sem duvida, era um aspecto firmemente estabelecido da magia até ser "descoberto" pela ciencia. Mas, ainda hoje, ímãs sao utilizados em encantamentos e talismãs, e tais forças despertam antigos sentimentos estranhos. Brinque com dois ímãs. Veja as forças invisíveis resistindo-se e atraindo-se de uma maneira aparentemente sobrenatural. A Magia é similar. Apesar de aparentar ser completamente ilógica, sem embasamento em fatos, ela funciona de acordo com suas proprias regras e lógica. So porque nao é plenamente compreendida nao quer dizer que ela nao exista. A Magia é eficaz para causar manifestaçoes de mudanças necessárias. Isto nao é enganar-se a si mesmo. A Magia praticada de modo correto funciona, e nenhuma tentativa de explicaçao alterará este fato. Há muitos modos de se praticar magia. Os Wiccanos geralmente escolhem formas simples e naturais, apesar de alguns preferirem cerimoniais elaborados. Normalmente, entretanto, envolvem ervas, cristais e pedras; a utilizaçao de simbolos e cores; gestos mágicos, musicas, voz, dança e transe; projeçao astral, meditaçao, concentraçao e visualizaçao. Há, literalmente, milhares de sistemas de magia, mesmo entre os proprios Wiccanos. Por exemplo, existem inúmeros modos magicos de trabalhar com cristais, ervas ou simbolos, e combinando-os criam-se ainda mais sistemas. Foram publicados muitos e muitos livros sobre sistemas de magia, porem tais sistemas nao sao necessarios para uma pratica bem-sucedida. Praticar magia com a mera manipulaçao de instrumentos como ervas e cristais é ineficaz, pois o verdadeiro poder da magia esta dentro de nós mesmos - o Dom Divino. Portanto devemos infundir o poder pessoal à necessidade, e em seguida libera-lo . Na magia Wiccana, o poder pessoal é reconhecido como uma ligaçao direta com a Deusa e o Deus. A magia, portanto, é um ato religioso com os quais os Wiccanos se unem a suas deidades para melhorarem a si mesmos e ao seu mundo. Isto é relevante - a magia é uma pratica positiva. Os Wiccanos nao praticam magia destrutiva, manipulativa ou exploratória. Uma vez que reconhecem o poder atuante na magia é, em sua essencia, proveniente da Deusa e do Deus, práticas negativas constituem um verdadeiro tabu. Magia "maléfica" é um insulto a si mesmo, à raça humana, a Terra, à Deusa e ao Deus, e ao proprio Universo. As consequencias podem ser imaginadas. A energia da magia é a propria energia da vida! Qualquer bruxo pode praticar magia - dentro de um contexto religioso ou nao. Se certas palavras ou gestos surgem em sua mente durante um encantamento e parecem adequados, use-os. Se nao conseguir encontrar um ritual que lhe agrade ou que seja apropriado para suas necessidades, crie um. Não é necessário escrever belas poesias ou criar coreografias para trinta dançarinos portando incensos e treze sacerdotizas cantantes. Pelo menos, acenda um vela, acomode-se diante dela e concentre-se em sua necessidade magica. Confie em si mesmo. Se realmente desejar conhecer a natureza da magia, pratique-a! Muitos temem a magia. Aprenderam (com nao-praticantes) que ela é perigosa. Nao tema. Atravessar a rua tambem é perigoso. Mas, se fizer do jeito certo, tudo bem. Se sua magia possuir amor, nao correrá nenhum risco. Chame pela Deusa e pelo Deus para protege-lo(a) e ensinar-lhe os segredos da magia. Peça a pedras e plantas que lhe revelem seus poderes - e preste-lhes atençao. Leia o quanto puder, descartando informaçoes negativas e perturbadoras. Aprenda pela prática, e a Deusa e o Deus o abençoarao com tudo aquilo de que realmente necessita.caillean333.com

Magia Natural

Magia Natural A magia natural é direta e objetiva. Apesar de tudo o que possa ter ouvido, a magia não é algo sobrenatural, não natural ou mesmo alienígena. Ela está em nossos próprios quintais, em nossas casas; na própria essência de nossos seres. As forças da Natureza dão poderes à magia – e não aos demônios, “Satã” ou anjos caídos.Um dos maiores mistérios da magia é que não há mistérios. Pelo contrário, eles estão constantemente se revelando ao nosso redor. O estudo de um simples botão de rosa, de uma folha de grama ou do sopro do vento por meio das folhas de uma árvore revelará tanto quanto, senão mais, sobre a verdadeira natureza da magia do que uma centena de empoeirados tomos renascentistas. A Natureza é o universo em si. Não apenas seus poderes, mas também suas manifestações. Algumas dessas manifestações, como os espelhos, são artificialmente produzidas, mas estão ligadas e conectadas aos poderes da Natureza por intermédio de seu simbolismo.Em nossa era cada vez mais automatizada, muitas pessoas se encontram isoladas do planeta que sustenta e mantém nossas próprias vidas. A verdadeira dependência que temos da Terra está esquecida. Muitos estão rompendo suas conexões com a Terra. Como resultado, este é um período de grande agitação, tanto nos planos individuais como no global. A magia da Terra pode ajudar a descobrir, trabalhar e resolver muitas das pequenas crises e problemas que nos afligem atualmente enquanto indivíduos. Certamente não é uma solução simples para os problemas do mundo, mais pode trazer ordem a nossas vidas, e isso já é um bom começo.Segundo o pensamento da magia, o corpo humano é o “microcosmo” (pequena representação) da Terra, que seria o “macrocosmo”. A Terra é também o microcosmo do Universo. Em outras palavras, somos representações da essência do planeta e, por conseqüência, do Universo. Assim sendo, ao mudarmos a nós mesmos, mudamos a Terra e o Universo. A magia é útil quando traz tais mudanças a nossas vidas e, dessa forma, à própria Terra. Tais mudanças devem ser positivas. Aqui não possui nenhuma magia maligna ou negativa, pois já há muita negatividade neste mundo. O objetivo de toda magia, trilhas ocultas e religiões místicas é a perfeição do ser। Embora isto possa não ser obtido em uma vida, é perfeitamente possível que melhoremos a nós mesmos. Este ato singular já faz com que a Terra se torne muito mais saudável.Se praticar qualquer magia a seguir, seja ao desenhar um coração na areia, contemplar um espelho para antever o futuro, seja para atar um nó para auxiliar um amigo com problemas, tenha em mente os mais elevados aspectos de seus trabalhos. Você está melhorando o mundo e ajudando a curá-lo das terríveis mazelas que sofreu por nossas mãos.É isso que torna o praticante da magia natural verdadeiramente divino.bruxaria.no.comunidades.net/

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Halloween, Todos os Santos, Finados e Samhain - fortemente interligados

O período do ano entre o fim de outubro e o começo de novembro é marcado por uma série de comemorações. Elas são: O Halloween (31 de outubro), O Samhain (31 de outubro - hemisfério norte), O Dia de Todos os Santos (01 de novembro) E o Dia de finados (02 de novembro). Muito pouco, no entanto, é divulgado acerca da origem de todas essas datas, e a ligação forte que existe entre elas. Estão muito interligadas, afinal. Aqui no Brasil, lastimavelmente, muitos são os críticos que condenam o Halloween, alegando que tal celebração é uma festa basicamente americana. que vai contra a nossa cultura brasileira - e contra o cristianismo. Mas eu lhes digo: pesquisem antes de falar qualquer coisa. A História, no geral, tem muitas faces; cabe a cada um de nós desvendá-la e interpretá-la. Bom, voltemos no tempo, então, mais uma vez... A origem do Halloween Halloween (dia das bruxas) é um evento tradicional e cultural, comemorado no dia 31 de outubro nos países anglo-saxônicos, em especial, nos Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido. Para entender a celebração do Halloween é preciso conhecer a história, a origem pagã e cristã dessa manifestação cultural. A Origem Pagã do Halloween - Samhain A origem pagã do Halloween tem haver com a antiga celebração religiosa dos druidas, onde o povo celta, em comemoração ao final do equinócio de verão e início do solstício de inverno, realizava o Festival de Samhain (um culto aos mortos), entre os dias 5 e 7 de novembro. Tudo que se sabe a respeito da cultura celta e de sua religião, são dados (fatos) transmitidos oralmente, não existe registro histórico. Na Irlanda, o berço do Halloween, o povo acreditava que na noite do dia 31 de outubro as almas voltavam a terra e possuiam as pessoas. Para se proteger, a população (das zonas rurais) nesse dia se fantasiava, apagava tochas e fogueiras e saia às ruas com o propósito de espantar os mortos. Foi na Irlanda que surgiu a tradição, a lenda folclórica do Jack O’Lantern (Jack Lanterna). Em 1840, o povo irlandês (de etnia e cultura celta), fugindo da fome que assolava o país, levou para os Estados Unidos a comemoração do Halloween e a tradição do Jack O’Lantern (abóbora esculpida e iluminada). Origem Cristã do Halloween - Dia de Todos os Santos *Tentativas de conciliação da Igreja Católica (para atrair mais seguidores) Até o século IX d.C., a Igreja Católica comemorava o Dia de Todos os Santos no mês de maio. Contudo, o papa Gregório III, no ano de 835, procurando evitar conflitos religiosos entre católicos e os povos recém-conquistados no noroeste europeu (como já foi visto, que tinham grande concentração de tribos celtas), transferiu a data do calendário católico para o 1º dia do mês de novembro, muito próxima à celebração do “dia de Samhain” - esta, como visto anteriormente, é um dos Sabbats sagrados para os povos pagãos. Outra tentativa de conciliação entre as festividades pagãs e as cristãs foi quando os católicos edificaram o Panteão romano (templo destinado para a adoração politeísta) em igreja cristã. Os ritos religiosos cristãos aos santos eram cultuados um dia depois ao dos deuses pagãos. Até hoje o calendário das datas comemorativas conserva esta origem histórica e religiosa. *Origem da palavra Halloween A palavra “Halloween”, segundo versões, foi primeiramente chamada de All Hallow’s Even, noite anterior ao dia de ‘Todos os Santos’ (dia 31 de outubro), instituido pelo Papa Gregório IV como sendo o dia da vigília de todos os santos. Com o tempo, o nome All Hallow’s Even foi sendo mudado até chegar a palavra Halloween. “Hallowed” quer dizer santo e “e’en” noite. Ou seja, Halloween significa "noite santa", que seria uma forma de expressar também do inglês “All Hallows Eve”, noite de todos os santos. * Idade Média e intolerância religiosa (Inquisição) Na Idade Medieval é quebrado o respeito ao culto pagão por parte do cristianismo. A Igreja Católica, por meio da Santa Inquisição (caça às bruxas), intitulou como bruxo todo aquele que praticasse rituais pagãos de curandeirismo (da cultura celta), eram julgados pela inquisição e quase sempre, bruxos e bruxas, como eles designavam, eram queimados na fogueira (autos-de-fé). Até então, o Halloween não tinha nenhuma conotação com as bruxas. * O Dia de Finados O Dia de Finados foi instituido em 2 de novembro para abolir as festividades de Samhaim. Desta forma, muitas pessoas eram jogadas nas fogueiras, marcando assim uma das atitudes de extremismo religioso mais condenadas pela história. * O radicalismo religioso Engana-se, contudo, quem pensa que somente os católicos adquiriram atitudes irracionais e perversas. O radicalismo religioso também esteve presente entre os seguidores de Lutero e Calvino. A história deixa bem claro este fato com a perseguição aos anabatistas (cristãos da “ala radical” da Reforma Protestante, que acreditavam no batismo válido apenas para adultos). O estereótipo das bruxas como velhas malévolas, desdentadas, de atitudes excêntricas e língua venenosa chegou ao cúmulo de dizimar diversas mulheres nos Estados Unidos, em 1692 – fato conhecido como As Bruxas de Salém.alemdasbrumass.com